Neste blog vou arquivar minhas experiências em viagens de longa distância certificadas.

Sou um, entre milhares de motociclistas certificados pela Iron Butt Association e aqui estarão apenas as minhas impressões, dificuldades e formas de fazer os desafios propostos pela Associação.

Espero que gostem, façam seus comentários e me ajudem a difundir o ideal das viagens de Endurance.

2º SS 1600k - 28/11/2009

Meu segundo certificado foi mais bem pensado e bem realizado.

A experiência com o outro me rendeu uma boa ideia sobre o que gostaria e o que não gostaria de fazer durante uma viagem dessas.

Vou colar aqui o relato que fez parte da documentação, como fiz no primeiro, segue:

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IRON BUTT TRIP
FROM ITUZAINGÓ, ARGENTINA TO CAMPINAS, BRASIL
28/11/2009 – 1,616K in 21 hours and 37 minutes
Brief account of the Journey (in Portuguese)


            Fiz uma viagem em novembro, partindo de São José do Rio Preto, São Paulo, com destino à Machu Picchu, no Perú. Saí no dia 12 com objetivo de cumprir o passeio, passando inicialmente pela Argentina, depois Bolívia, Perú e voltando pelo Chile e novamente Argentina.
            Foram um total de 10,545 quilômetros, passando pelas regiões mais incríveis e bonitas desta parte da America do Sul. Passamos por Santa Cruz de La Sierra, Oruro e La Paz, na Bolívia, Puno e Cusco, no Perú, Tacna, Antofagasta e San Pedro do Atacama no Chile e retornamos pela Argentina, passando por Passo de Jama, Jujuy, Corrientes e finalmente Ituzaingó.
            O grupo que viajou junto comigo era de outro estado do Brasil, do Rio Grande do Sul, que fica relativamente perto de Ituzaingó, última cidade que ficamos na Argentina. E a idéia de fazer um Iron Butt Trip no último dia, já havia me ocorrido ainda no planejamento da viagem. Por isso eu já estava preparado!
            Antes de finalizar o planejamento do trajeto da viagem, já imprimi toda a documentação para a realização do desafio e planejei no GPS o trajeto que seria interessante fazer para cumprir os 1609 k. Na realidade, de Ituzaingó até Campinas seriam 1400 km aproximadamente, mas fiz um pequeno desvio para que atingisse os 1616 km que precisava para certificar a viagem.
            Saí de Ituzaingó bem cedo, às 5:26 am, por que além da distância, eu ainda teria que passar pela fronteira, e pelo câmbio para trocar os “pesos” Argentinos que sobraram por “reais” Brasileiros. Na ida para a viagem, na altura da província de Posada, há 100 km de Ituzaingó, fui parado em uma barreira policial, onde acabei tendo que esperar por bastante tempo pela liberação, fato que também me preocupou com relação ao horário a cumprir no desafio.
            Mas não tive problemas com as barreiras policiais e também não me demorei muito na aduana. Correu tudo muito bem nessa etapa.
            A partir da cidade de Maringá, já no Brasil, no estado do Paraná, começou a chover, chuva essa que me acompanhou até Campinas. Apesar de bem forte no final no trajeto, após tantos quilômetros de viagem, não seria uma chuva que me atrapalharia. Fiz então esse final com um pouco mais de cautela, parando mais vezes também por causa do cansaço e acabou dando tudo certo.
            Quando estava há poucos quilômetros de Campinas, liguei para minha noiva Christiane, que mora lá, e combinei o local da chegada para que ela pudesse atestar a mesma.
            Cheguei após 21 horas e 37 minutos, às 3:03 am do dia 29 de novembro.
            Meu trajeto foi partindo de Ituzaingó na Argentina, seguindo por Posadas e Puerto Iguazú, ainda na Argentina, adentrando ao Brasil por Foz do Iguaçu e seguindo dentro do estado do Paraná por Cascavel, Campo Mourão e Maringá. Em seguida entrei no estado de São Paulo passando por Assis, Marília, Taquaritinga, Ribeirão Preto, Araras até chegar à cidade de Campinas, meu ponto final.
            Lembrando que o horário na Argentina é 1 hora mais cedo que no Brasil, por isso os cupons de lá marcam 1 hora antes, sendo um exemplo minha saída, cujo cupom marca 4:26 am quando no horário do Brasil eram 5:26 am.

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Bom, vale lembrar que um dia antes da partida para o desafio, fui ao Posto de Gasolina onde partiria para explicar o que iria precisar e saber se era possível o cidadão certificar minha saída sem problemas.

É sempre complicado fazer esse tipo de explicação, mas mesmo sem entender direito o que estará assinando, a pessoa assina e, depois, quando envio a carta de agradecimento, acabo conseguindo mais um amigo, como foi o caso do Esteban, o frentista do Posto Petrobrás, em Ituzaingó, de onde parti para o desafio. Ele foi super atencioso, me desejou muita "suerte", tomamos um café juntos e me mandei de lá.

Como disse no relato, minha preocupação era com a polícia da província de Missiones. Conhecidos por estorquir dinheiro de motociclistas, mas como sai bem cedo e acabei passando por lá ao amanhecer, não tive problemas, alias, nem vi policial algum no posto em que eles ficam.

Outra preocupação que depois se mostrou um bom documento de comprovação da viagem foi a passagem pela Aduana, na entrada no Brasil. Tinha medo de chegar e pegar uma "baita" fila que me atrasasse demais, mas não foi o que aconteceu, estava bem tranquilo e, de quebra, ainda troquei os pesos argentinos que me restaram por reais, o que resultou num documento (o do cambio) com data, hora e todos os dados meus, que figurou com importância na documentação enviada à Associação.

Esta foi a carta de agradecimento enviada ao Esteban, nos moldes que sempre faço:



Voltando aos acontecimentos da viagem, não relatei uma parte importante dela à Associação por motivos óbvios: no dia anterior, como era um dia de despedidas e comemorações pelo sucesso da viagem à Machu Picchu (esta viagem está relatada aqui), havíamos andado uns 1200 km para chegar a Ituzaingó. Eu iria por Foz do Iguaçu e o pessoal do RS, por Santo Tomé. Bom, a foto fala por si só:

da esquerda pra direita:
Bica, Padre Diogo, Cezar, Vilson e eu, já bem felizinho!

Em resumo, não me perguntem como acordei no dia do desafio! Foi uma estupidez que "paguei caro" durante grande parte do trajeto. Não no começo por que a adrenalina não me deixou, mas ao anoitecer, após passar por Maringá, andei os últimos 800 km embaixo de uma super chuva, muito cansado, com dificuldade de concentração, enfim, uma burrisse que não cometo mais!

Me lembro de parar num posto em Ribeirão Preto, já tarde da noite e, em pé mesmo, inclinar e encostar a cabeça no banco e, acreditem, dormir em pé! Lógico que segurança em primeiro lugar e foi o que fiz, parei mais vezes, justifiquei com alguns cupons de um café, por exemplo, mas foi um cansado fora do comum. Então a principal dica de todas fornecidas pela IBA: "Leave your drugs and coffee supply at home", ou melhor, traduzindo para mim, não tome álcool no dia anterior.

Não sou de beber, mas era uma ocasião comemorativa e na verdade não nos embebedamos, foi mais a mistura do álcool com o cansaço. Me envergonho em dizer isso mas acredito que valha de alerta!

Depois dessa seção "confessionáro", que não sei bem se deveria ter feito, hehe, vamos às poucas imagens desse certificado:

Essa foto foi tirada antes da chuva, num dos pedágios do Paraná

foto do GPS mostrando o odômetro total do desafio

E mais uma, a principal, a imagem do certificado:


Foi meu primeiro certificado em viagem solo, o que se tornaria uma constante. Não que o 1º tenha sido menos importante ou ruim de alguma forma, mas nessa, andei e parei quando planejei, andei na minha velocidade, sem me preocupar em contar motos pelo retrovisor ou ainda me preocupar se alguém pegou o cupom no posto e coisas assim. Não que na 1ª fosse necessário ficar "tomando conta" do pessoal, todos eram motociclistas de qualidade e inteligência idem, é que sou preocupado mesmo e me sinto sempre responsável por todos que estão comigo, mesmo que não queiram, hehehe, descendência Árabe e Italiana, faz parte da criação.

Sei que a chegada desse certificado significou muito pra mim! Foi muito emocionante abrir o 2º envelope da United States Postal Service, hehehe, sensação de dever cumprido!

Como diz o amigo Marcos Catânia, e penso ser toda a verdade dos certificados IBA, chegar da viagem e dizer "fiz um Iron Butt" é um equivoco. Esta viagem só termina quando chega o tal envelope. Nesse meio tempo teve muito chão, muito papel e escrita gastos e, estes fazem parte da certificação. Quem não gosta ou não quer passar por esse processo, não tem mesmo por que fazer algum dos desafios IBA.

Ah, só mais uma coisa, minha testemunha da chegada foi a Chris, minha parceira de viagens, aventuras e tudo o mais. Obrigado meu amor! Conheçam também nosso blog Dois em Duas!



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